O Espelho da Culpa
- Angela Ponsi
- 6 de dez.
- 2 min de leitura

Ela sonhou que estava nua.
O espelho à sua frente devolvia uma imagem que não reconhecia — distorcida, oscilante, quase monstruosa. Às vezes parecia derretida, como um quadro de Dalí esquecido no sol. Outras vezes, era apenas uma mulher com os olhos cheios de culpa, medo e exaustão.
Mas era ela.
Ou ao menos uma parte dela.
A imagem ganhou vida.
Saiu do espelho com violência e começou a golpeá-la — socos no rosto, no peito, no ventre, em cada parte onde ainda morava uma fragilidade.
Ela gritou.
Mandou que parasse.
Mas não era um monstro externo, um assaltante de sonhos, um algoz qualquer.
Era ela mesma.
E então — talvez ainda sonhando, talvez já acordada — compreendeu.
Não era o mundo que a feria.
Nem os homens. Nem os dias. Nem as palavras malditas.
Ela se feria. Ela permitia. Ela repetia.
E com essa clareza veio também a decisão: “Eu não quero mais me bater.”
Na fresta entre o sonho e o despertar, quis escrever tudo. Mas o corpo, cúmplice de tantos silêncios, adormeceu de novo. Quando enfim se levantou, as imagens ainda ardiam.
E a necessidade de registrar tornou-se urgente — como quem precisa tatuar um aviso na alma:
Nunca mais se esqueça de si mesma.
Naquele espelho de pesadelo, encontrou não apenas a sombra — mas o início de uma história.
Uma história de amor.
Não com um outro. Não com um rosto idealizado.
Mas com aquela mulher em frangalhos, que se levantava do chão da própria violência para dizer: “Agora sou eu quem me escolho.”
E, desde então, mesmo nas noites mais difíceis, ela começou a sonhar de novo.
E — como em toda boa história de amor — a amar a si mesma, um capítulo por vez.
Angela Ponsi
✨ Texto e imagem criados com auxílio de IA — uma ponte entre a mente humana e o vislumbre dos espelhos que habitamos.
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